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Sustentabilidade e marketing


Hiasmin Christine Kurrle Pinheiro Sodré


Do ensino fundamental a entrevista de emprego; da pracinha ao shopping center; do aplicativo de mensagens ao jornal da TV – sustentabilidade é a palavra da moda. Apesar de nem todo mundo ter engajamento ou, ainda, conhecimento sobre a universalidade do tema, é certo aproximar que boa parte dessas pessoas tenham alguma ideia sobre o que hoje transcende o movimento hippie dos anos 60 e dita o futuro de empresas milionárias, de políticas governamentais e até da sacolinha do supermercado.

Ir ao shopping levando sua ecobag para comprar ecopads para remover maquiagem ecofriendly – oi? Difícil de entender, né? O uso de estrangeirismos na língua portuguesa é um hábito bastante comum, uma vez que uma língua viva está em constante mudança, abrangendo a contribuição de outros povos, e em harmonia com a globalização – evento que ocasionou a rapidez e acessibilidade da comunicação. Na maior parte das vezes, a palavra estrangeira carrega a função de preencher um espaço vazio na língua, seja de uma palavra até a de um conceito.


Por que isso pode ser ruim?


No Brasil, cerca de 5% da população fala inglês; reescrevendo da forma correta: 95% da população brasileira não fala inglês. Em outras palavras, a frase que inicia o parágrafo anterior é inteligível para 95 a cada 100 brasileiros. Esses 5% podem ser expressos, não como via de regra, mas como uma tendência, na população classe média e alta, que dispõem de condições financeiras para prover o ensino de outro idioma.

Dessa maneira, uma marca que atribui uma palavra estrangeira para denominar seu produto, utilizando a premissa sustentável, busca dialogar com uma pequena parte da população: a que possui maior potencial de compra. À semelhança do estrangeirismo, o uso de termos técnicos compartilha da mesma problemática, onde a informação inacessível restringe o consumo para a parcela detentora daquele saber.


Como isso pode ser resolvido?


A solução para essa situação é bastante simples: utilizar as palavras na sua forma traduzida. A tradução pode ficar extensa ou até mesmo menos fiel do que seria a palavra original para um nativo, mas esta é capaz de promover o fim da restrição do diálogo entre as classes e compreender as necessidades de todos.

Para isso se tornar realidade, é imprescindível o esforço conjunto das marcas para buscar essa democratização. Pode-se dizer que é bastante comum, atualmente, utilizar-se do humanitarismo dos ideais sustentáveis como estratégia de marketing para atrair aqueles que dizem se importar com o próximo, mas que, ao mesmo tempo, fomentam uma indústria de disparidades. Afinal, você poderia muito bem ir ao shopping com sua bolsa reutilizável comprar seus discos de panos removedores de maquiagem amiga da natureza, não?


Referências

Mundo RH. Apenas 5% da população brasileira fala inglês. Disponível em: https://www.mundorh.com.br/apenas-5-da-populacao-brasileira-fala-ingles/ Acesso em: 06/02/21.

G1 Globo ‘Estrangeirismo tem que enriquecer a língua’, diz Sérgio Nogueira. Disponível em:

Uol. Ana Paula Xongani. Quando falar de sustentabilidade pode se tornar um grande desperdício. Disponível em: https://www.uol.com.br/universa/colunas/ana-paula-xongani/2020/10/01/quano-falar-de-sustentabilidade-pode-virar-um-grande-desperdicio.htm Acesso em: 06/02/21.


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