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Estudantes da UFF utilizam plástico reciclado para fazer impressões em 3D

Atualizado: 4 de mar. de 2021


Após ler um artigo sobre a Ilha de Lixo, Márcio Cataldi, professor de Engenharia Ambiental, uniu-se a um grupo de alunos e surgiu o Projeto Plástico Vivo. O objetivo é tentar diminuir, em escala local, os danos da poluição causada pelo plástico. A iniciativa aproveita todo o ciclo do plástico: inicia com a separação e lavagem dos rejeitos, depois o produto passa pela trituração, por meio de um equipamento desenvolvido no laboratório de Monitoramento e Modelagem de Sistemas Climáticos. O intuito é reduzir o custo do processo, criando, inclusive, instrumentos mais baratos. Segundo o professor, o descarte incorreto de detritos não biodegradáveis é motivado, principalmente, pela falta de educação ambiental das pessoas em todos os países. Com isso, as correntes oceânicas levam o lixo para região do pacífico equatorial.


Ilha de Lixo


No meio do Oceano Pacífico, 1,8 trilhão de pedaços de plástico flutuam por uma extensão que é quase 3 vezes o tamanho da França: 1,6 milhões de quilômetros quadrados. Conhecida como ilha do lixo, 94% da sua composição é formada por microplástico. Juntamente com resíduos maiores, forma uma espécie de “sopa” que resulta em água turva e densa.

Foi graças a um estudo da organização Ocean Cleanup Foundation, que conseguiram mapear a extensão do problema:


“No local, microplásticos com tamanho de até 5 milímetros se acumulam junto de pedaços de lixo que podem chegar a quase 2 toneladas. Detritos de diferentes países, lançados em cursos de água, desaguam no mar e vão parar na região: a incidência de correntes marítimas do Oceano Pacífico favorece a acumulação do lixo nessa região do planeta, esta é uma tendência que só aumenta.”

Os resíduos chegam de todas as partes do mundo: Canadá, China, Alemanha, Japão, Venezuela e muitos outros, por meio das correntes marinhas. A ilha pesa 80.000 toneladas, sendo 46% desta massa proveniente de redes de pesca. Todo esse lixo afeta 700 espécies de animais.


Como o processo é feito?


Primeiro, os alunos coletam e higienizam o plástico que depois passa pelas seguintes etapas: trituração, extrusão e impressão. Na trituração o plástico é colocado em uma máquina trituradora, onde ocorre a quebra desse plástico até ele estar em um formato granulado. Essa é a forma correta de realizar a reciclagem de maneira econômica, pois o triturador é capaz de despedaçar peças de diferentes tamanhos.


O triturador também não necessita de muita energia para funcionar, pois tem um baixo índice de ruído, e é de fácil manuseio. Na etapa da extrusão, depois de triturado, o produto vai para uma extrusora, máquina utilizada na modelagem plástica, também desenvolvida no laboratório. O material moído é colocado em um funil, que cai sobre uma rosca que o transporta dentro de um cilindro com resistências elétricas para aquecimento. O calor também é gerado pelo atrito do próprio material. O plástico triturado é fundido e transformado em filamentos utilizados na impressora 3D.


Na impressão, fase final, são produzidos pela impressora alguns utensílios domésticos, como colheres, garfos e facas, e peças do próprio equipamento. Os itens serão vendidos em eventos da UFF e uma parte desse recurso será destinada aos alunos que se encontram em dificuldades financeiras e que vêm sendo atendidos pela Pró-Reitoria de Assistência Estudantil. Assim, o plástico é utilizado de maneira circular, não vai acabar como poluição nos oceanos.


Grandes poluidores


Os grandes produtores de resíduo plástico são os países emergentes. Segundo o professor, o Brasil está em uma situação crítica. Quando olhamos para os detritos flutuantes na Baía de Guanabara, a contribuição das regiões costeiras do Brasil fica evidente. Contudo, empresas internacionais também são responsáveis pela poluição de plásticos nos mares. Um estudo feito pelo movimento Break Free From Plastic constatou que, entre os plásticos recolhidos, 43% tinham marca, enquanto 57% não possuíam nenhuma marca, sendo estes produzidos pelas indústrias.


No entanto, representantes do movimento alegam que as empresas poluidoras são isentas da responsabilidade de descarte correto e devem ser responsabilizadas, independente da existência de rótulos. É necessário, portanto, investir em educação ambiental e na extinção de embalagens não recicláveis que, em sua composição, reúnam metal, papel e plástico, elementos dificultam a reciclagem mecânica, para que, futuramente, haja um foco na criação e estruturação de cooperativas e no desenvolvimento de tecnologias de reciclagem de baixo custo e fácil manuseio.


Referências

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