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De olho na pandemia: os povos tradicionais e a COVID-19

Atualizado: 4 de mar. de 2021

Por Rebecca Henze

Mesmo no século XXI, doenças respiratórias ainda são a maior causa de morte entre os indígenas brasileiros. Com a pandemia do Covid-19, não foi diferente. A doença, que também configura uma infecção respiratória, se espalhou por quilombolas e comunidades nativas com cada vez mais velocidade e menos controle. Esses povos, que ocupam 25% do território nacional, têm a sua cultura e seu espaço protegidos por lei, mas mesmo assim invasões de garimpeiros e madeireiros são recorrentes. Fato que preocupa autoridades, não só pelo desrespeito à cultura tradicional, como também pelo contágio do novo coronavírus.


Imagem: Reprodução (Fonte: G1)


Além de não contarem com segurança e isolamento de suas fronteiras, essas comunidades também carecem de infraestrutura de centros médicos, e sofrem com o saneamento precário, às vezes, até inexistente. As dificuldades em lidar com a pandemia no cenário indígena se estendem até a documentação de casos e produção de informação. Por exemplo, os dados de casos e óbitos de indígenas fornecidos pelo Sesai e pelo Comitê Nacional de Vida e Memória Indígena – formado por associações como a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) – são diferentes, não nos dando certeza da real gravidade da situação.


Outro problema gerado pelo alto índice de mortes nas aldeias é o grupo de maior risco: idosos. Culturalmente, os anciãos detêm o maior conhecimento das tribos e de sua história, passando-o de geração em geração verbalmente, sem registros palpáveis. Com o óbito em massa de pessoas da terceira idade, além de vidas, a perda cultural é inigualável.


Instituições como a Fiocruz e o próprio governo federal já anunciaram um reforço na saúde dessas populações. A ajuda inclui entregas e doação de cestas básicas, kits de higiene, confecção e doação de máscaras de tecidos reutilizáveis, construção de material informativo sobre a prevenção do Coronavírus e apoio no escoamento da produção das aldeias e quilombos.


O secretário Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Robson Santos da Silva afirmou que: "Estamos trabalhando firme para atender toda a população indígena neste momento com assistência de qualidade, revendo procedimentos, melhorando as questões de saneamento e atendimento à saúde básica de cada indígena brasileiro. Mesmo antes da decretação da pandemia, nós da SESAI já estávamos atuando para reconhecer a fragilidade, a história e o perfil epidemiológico dos povos indígenas. A conduta precoce é a melhor ação, portanto, qualquer indígena que apresentar sintomas, deve procurar o serviço de saúde mais próximo para receber atendimento médico".


Imagem: Reprodução (Fonte: Senado Notícias)


No entanto, mesmo com a adoção de medidas emergenciais, o cenário continua difícil. Muitas fontes reportam que cestas básicas chegam com precariedade, e nem mesmo água potável vem sendo fornecida integralmente a algumas aldeias. Com isso, a taxa de mortalidade deste grupo ainda se mantém maior do que a geral do resto do território brasileiro, sendo alarmante para alguns pesquisadores.


Algumas iniciativas privadas foram criadas para ajudar essas pessoas neste tempo mais delicado. Uma lista delas pode ser encontrada aqui. É importante enfatizar que atitudes, principalmente públicas, devem ser mantidas a longo prazo. Visto que os problemas de saneamento, alimentação e segurança são constantes nas tribos mais afastadas das cidades.


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