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Revolução Industrial Verde

Atualizado: 5 de mar. de 2021

Conheça a nova tendência sustentável que o Reino Unido quer adotar nas próximas décadas


Por Gabriel Bezerra Costa de Lima


Responsabilidade histórica e ambiental: mais um passo em direção ao futuro verde


No final de 2020, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, revelou um audacioso projeto para patrocinar o desenvolvimento sustentável na Inglaterra. O conjunto de metas foi nomeado “Green Industrial Revolution”, uma clara referência à 1ª e 2ª Revoluções Industriais, nas quais o discurso sustentável não era prioridade na forma de produção, gerando como substrato grandes problemas ambientais.


O ambicioso plano é uma ferramenta criada para combater o avanço da crise causada pelas mudanças climáticas. Dessa forma, foi estruturado zonas estratégicas de atuação que operam nos principais fatores que contribuem para o aquecimento global. Essas ações podem ser simplificadas em mudanças das fontes de energias atuais por fontes limpas e renováveis, na alteração na mobilidade interna da Inglaterra por meio de soluções inovadoras na indústria de transportes, além de incentivo às áreas de meio ambiente e tecnologia. O objetivo é reduzir a emissão de gases poluentes e causadores do aquecimento global até 2050.

Susana Camargo, redatora do blog Conexão Planeta, para a concretização das metas, o governo inglês prevê um investimento inicial de £12 bilhões. É esperado que o setor privado contribua com essa tendência de economia verde e subsidie três vezes mais do que o valor da iniciativa pública até 2030. O objetivo dessa mobilização é se contrapor ao método de produção imprudente da Primeira Revolução Industrial. Locais como North East, Yorkshire, Humber e West Midlands foram palco das transformações sociais e ambientais da maior revolução do século XVIII, que influenciou uma era de indiferença aos danos ambientais que as máquinas e o método de produção desenfreado causaram ao equilíbrio do planeta.

Ilustração da paisagem inglesa durante a Revolução Industrial. Fonte: Infoescola


Saindo do território inglês para os outros países do Reino Unido, é importante destacar que a contribuição da Escócia, com a produção de energia limpa e sustentável, e do País de Gales, com o desenvolvimento de tecnologia pensada em prol do desenvolvimento sustentável, serão imprescindíveis para a Revolução Industrial Verde. É esperado que a iniciativa público-privada gere 250 mil empregos.


Dez anos para mudanças e dez principais metas do Reino Unido no combate às mudanças climática


[1] Empregar em todo país energia limpa e sustentável: usinas de energia eólica offshore (fora da costa) serão a aposta do governo britânico para substituir o gás e a gasolina e ainda fornecer energia elétrica para as residências;

Usinas de energia eólica offshore - Fonte: Conexão Planeta

[2] Incentivar a indústria a produzir hidrogênio de baixo carbono. O objetivo é produzir, até 2030,o equivalente à 5GW (gigawatts) de hidrogênio, que será utilizado na própria rede de indústrias, nos meios de transporte e como energia para as residências;


Planta de uma indústria de Hidrogênio - Fonte: ABEQ


[3] O setor da aviação e navegação também receberá estímulos. Esses setores historicamente foram desenvolvidos com o apelo de energia fomentada pela combustão de combustíveis fósseis e, por isso, são difíceis de descarbonizar. No entanto, o plano prevê estratégias e subsídios para projetos de navios e aviões não poluentes.


[4] Os veículos movidos apenas por energia elétrica são uma aposta do setor de automóveis sustentáveis e é uma das metas da Revolução Verde. Essa medida está associada ao plano de aceleração da mudança total dos veículos movidos a combustíveis fósseis por modelos elétricos em todo o Reino Unido, além de dedicar amparo logístico à infraestrutura de estradas e postos de abastecimento para carros não poluentes.

[5] O programa de incentivos de Boris Johnson ainda pretende se tornar o principal líder na captura de carbono da atmosfera no mundo.


[6] A energia nuclear também está no plano de medidas da Revolução Verde. O governo britânico planeja estimular a produção de energia nuclear limpa com o desenvolvimento da tecnologia em reatores a fusão nuclear.


[7] Investir em transportes sem emissão de poluentes, como as bicicletas e caminhadas, faz parte dos planos do Reino Unido. Para isso, o governo irá montar um plano para deixar o ciclismo mais atrativo. Além disso, também pretende introduzir o transporte público com zero emissão de gases do efeito estufa.


Bicicletas em Londres. Fonte: blog MTB Brasilia


[8] O setor da construção civil também será alvo de mudanças com a implantação da Revolução Verde. Casas, edifícios públicos e privados, escolas, hospitais, centros de cultura e lazer irão receber modificações para se tornarem mais sustentáveis e eficientes no aspecto energético.


[9] Promover a inovação tecnológica e financeira pautada no desenvolvimento sustentável. O projeto buscará apresentar tecnologias de ponta para alavancar todo o programa de metas, principalmente no âmbito de inovações em energia limpa e tornar Londres o centro global de referência em estímulos em controle e finanças de tecnologia sustentável.


[10] Além de todo o pacote de metas, o plano ainda prevê proteger áreas verdes e restaurar o ambiente natural degradado plantando o equivalente a 30 mil hectares de árvores todos os anos.

Um olhar crítico: análise de implementação da Revolução Verde


As redes que promovem o desenvolvimento sustentável ficaram entusiasmadas com o anúncio britânico, contudo existem ressalvas ao programa previsto por Boris Johnson.


O plano ainda está pautado na implementação em massa de tecnologias que ainda não estão amplamente disponíveis para o uso. O hidrogênio como fonte de energia limpa, por exemplo, só foi empregado em menor escala. A venda de carros elétricos não é expressiva no país: são apenas 7% dos veículos novos comprados, diz Suzana Camargo, redatora do Blog Conexão Planeta.


Além disso, ainda é pouco provável o emprego de tecnologias que façam os setores marítimo e de aviação migrarem gradativamente de fontes de energia de combustíveis fósseis para fontes limpas. Outro ponto a ser debatido é o investimento público para implementação das novas mudanças: os £12 bilhões podem não ser suficientes para engatar o plano e satisfazer os anseios de Johnson.

Referências




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