A 26ª Conferência das Partes (COP-26) começou no dia 31 de outubro de 2021 em Glasgow, na Escócia. É um evento realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) desde 1995 e tem como meta combater as mudanças climáticas a partir da colaboração mundial. O macro objetivo da COP-26 foi de expor ao mundo e as lideranças políticas as consequências de anos de negligência humana com o planeta e os possíveis caminhos para se conseguir impedir o colapso climático, estimulando as nações a zerar as emissões de carbono até 2050, ou seja, alcançar a neutralidade do carbono. Outro ponto importante é o compromisso dos países com o Acordo de Paris, feito em 2015 na COP-21, no qual foi protocolado que as nações limitaram o aumento da temperatura média da Terra abaixo de 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais como forma de proteger o planeta e as próximas gerações dos impactos nocivos das mudanças climáticas.
É na COP-26 que as nações debaterão os resultados das mudanças nos padrões climáticos, como inundações, secas e ondas de calor intensas que são observadas com mais frequência em todo o globo e os fatores antrópicos responsáveis. A Conferência foi marcada por muitos debates e dificuldades no avanço das negociações entre os países. Embora a COP-26 tenha sido adiada em um ano por conta da pandemia da COVID-19, parece que não esse tempo extra para os países não foi muito bem aproveitado para criar um consenso sobre o posicionamento desenvolvimentista do planeta, de um lado potências econômicas como Estados Unidos e China, que atrelaram suas economias ao consumo de combustíveis fósseis. E também de outros países com menor relevância econômica que sofrem mais com a crise climática e com a mudança nos padrões de produção energética.
O evento reuniu quase 200 países para impulsionar as medidas do Acordo de Paris de contenção das mudanças climáticas. António Guterres, então secretário-geral da ONU, em um discurso público, no dia anterior ao início dos debates da COP-26 disse: “Sem ação decisiva, estamos jogando com a nossa última oportunidade de, literalmente, inverter a maré”. As delegações das nações devem até o fim da conferência finalizar o Regulamento de Paris, sendo esse um documento no qual constará as regras necessárias para implementação plena do acordo firmado na COP-21. As negociações entre as delegações definiram os prazos e as frequências das revisões e as formas de acompanhamento dos compromissos climáticos estabelecidos pelos países que assinaram o acordo, assim como as sanções globais sobre o não comprimento. Dessa forma, Paris foi a responsável por alertar as autoridades políticas mundiais sobre a crise climática, além de fixar a meta de restringir o aquecimento global em 1,5º C e Glasgow será encarregado por tornar isso realidade.
O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) já alerta que Glasgow pode ser palco das negociações mais importantes sobre o clima da história, sendo capaz de mudar a marcha do mundo, sendo decisivo para a preservação e habitabilidade humana no planeta. Para limitar o aumento do aquecimento global, os países devem se comprometer em reduzir pela metade as emissões de gases do efeito estufa até 2030, para isso, cada delegação deve apresentar planos radicais de enfrentamento à crise climática, contendo um conjunto de metas e prazos para zerar as emissões e se tornar neutra em carbono. “Já passou o tempo das sutilezas diplomáticas. Se os governos, especialmente os do G20, não se levantarem e liderarem esse esforço, caminharemos para um terrível sofrimento humano”, disse António Guterres.
A delegação brasileira não contou com a presença do atual presidente, Jair Bolsonaro. O líder do país que possui a maior biodiversidade e a maior floresta tropical do mundo fez um pronunciamento gravado de aproximadamente três minutos o que gerou desconfiança internacional, principalmente porque o discurso administrado pelo presidente era de cunho expositivo e pouco se preocupou em fornecer informações de como será a gerência do plano ambiental para o país. Além disso, a comunidade internacional está alerta sobre o aumento do desmatamento da floresta amazônica e no aumento dos índices de emissão dos gases do efeito estufa, mesmo em meio a pandemia. Bolsonaro e outros líderes mundiais e suas delegações estão sendo acusados de "greenwashing" que é uma expressão em inglês que denomina a ação de governos e empresas que se “vendem” como sustentáveis para ganhar dinheiro. A ativista sueca, Greta Thunberg, foi clara ao dizer: "Não precisamos de mais promessas" quando perguntada sobre como via as negociações da COP-26 e esse é o sentimento da sociedade civil internacional que espera que o encontro dos líderes mundiais em Glasgow tenha efeito no combate à mudança do clima.
Referências:
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