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Construção sustentável

Atualizado: 5 de mar. de 2021

Arquitetura sustentável: uma alternativa ao impacto da construção civil no meio ambiente


Por Gabriel Bezerra Costa de Lima


O problema: RCC, os resíduos da construção civil


As atividades da construção civil efetuaram um papel fundamental na expansão das cidades, contudo, desde seus primórdios foram desempenhadas de forma artesanal, restringindo-se a pouca tecnologia e gerando uma enorme quantidade de resíduos. No início da história das cidades, os recursos naturais pareciam infinitos, porém, com o desenvolvimento acelerado das áreas urbanas e o crescimento populacional, vislumbrou-se um cenário antes impensável: a natureza já não era capaz de absorver o acúmulo de substrato produzido pela humanidade e ainda fornecer novos recursos. Em virtude dessa nova concepção de entender o ser humano como parte de um ecossistema natural com recursos finitos, nasce o pensamento do desenvolvimento sustentável.


Caçamba de entulho - Fonte: Gazeta do povo/Divulgação


Dessa forma, uma vez que a proposta de desenvolvimento sustentável ganha mais adeptos, é necessário entender a relevância do setor da construção civil como um agente de impactos ambientais. Para Mingrone (2016), a construção civil é um dos setores que possui um dos mais elevados índices de impacto ambiental e social. Além do consumo exagerado dos recursos naturais, a poluição gerada pela construção está atrelada a sua essência de modificar, transformar e subverter a paisagem natural para o benefício humano, às vezes se esquecendo de que o ser humano faz parte de um ecossistema.


Uma alternativa: arquitetura sustentável


Desde a década de 90, com a realização da ECO-92, tem crescido a consciência dos impactos nocivos da sociedade humana sobre o meio ambiente. Nesse sentido, cada vez mais se eleva a porcentagem de pessoas, empresas e entidades de pesquisa que buscam alternativas inovadoras para sanar o maior problema para o século XXI: as mudanças climáticas. Como uma forma de combate à degradação do planeta surge a preferência por uma arquitetura sustentável, consciente do impacto em transformar a paisagem natural e racionalizada. A racionalização tem como premissa minimizar os desperdícios e a geração de substratos nocivos para o planeta por meio de práticas que otimizam a gestão do processo construtivo. Para Karpinski (2009), os resíduos da construção possuem baixa periculosidade, tornando-se preocupantes à medida que se observa o grande volume gerado. Segundo Kava (2011), a construção de edifícios consome 40% das pedras e areia utilizados no mundo por ano, além de ser responsável por 25% da extração de madeira anualmente.

Devido à quantidade de materiais com resíduos gerada ano após ano pela indústria da construção civil esse setor deve obedecer às leis ambientais. A regulação dos RCC no Brasil é feita pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que define as normas e procedimentos para a gestão dos resíduos . Além disso, por meio da resolução n° 307, de 5 de julho de 2002, o CONAMA adverte que os produtores de resíduos têm a responsabilidade de gestão e devem se certificar que eles sejam armazenados e transportados para um lugar adequado, onde possam ser reciclados ou depositados de forma correta. A tendência mundial é de que as leis ambientais sejam mais severas sobre as práticas que mais impactam a natureza. Contudo, ainda falta fiscalização para analisar toda a cadeia de produção da construção civil e punir os infratores das leis ambientais.


A arquitetura e a construção, embora tenham uma grande responsabilidade nos impactos ambientais do planeta, são setores que têm um alto potencial de combate às mudanças climáticas. Assim , nascem propostas de construções sustentáveis. Segundo Mingrone (2016), o termo é usado para qualificar um conjunto de práticas usadas antes, durante e depois da execução da obra civil, tendo como principal objetivo obter uma construção que não agrida o meio ambiente ou crie meios para minimizar os impactos causados, oferecendo conforto ao ser humano e, ainda assim, gerenciando de forma consciente os recursos naturais, como consumo de água, energia e materiais, de forma a compor um conjunto de técnicas que garantam a vida útil da edificação em harmonia com as práticas de preservação ambiental


Garantindo a sustentabilidade: os selos de certificação

Mas como manter e promover as construções sustentáveis? Atualmente existem selos de certificação ambientais para as construções com a função de guiar novas estratégias de projetos visando práticas mais sustentáveis. Os selos no Brasil que merecem mais destaque são: Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), Haute Qualité Environnementale (AQUA-HQE) e WELL Building. As certificações premiam empreendimentos que minimizem os impactos ambientais tanto na fase de construção quanto na de uso. Ao otimizar o consumo de água, energia e materiais, busca-se, portanto, compor uma edificação eficiente que se coloque como protagonista na luta pelo meio ambiente e que ainda melhore, por consequência, a qualidade de vida dos usuários.


O LEED é o selo de orientação ambiental, desenvolvido pela Green Building Council, com maior reconhecimento a nível internacional. O processo de avaliação funciona a partir da comparação da performance ambiental entre dois edifícios, podendo ser dividido em Silver, Gold ou Platinum, de acordo com o nível de desempenho do edifício e suas particularidades.


Selo Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) - Fonte: GBC Brasil


O AQUA-HQE é um selo dado pela Fundação Vanzolini e tem por característica demonstrar a qualidade ambiental dos empreendimentos civis. O construtor do edifício deve garantir que o projeto, contemplando todas as fases (programa, concepção, obra em si, uso, operação e manutenção), atenda aos requisitos ambientais. Dessa forma, o projeto terá benefícios no bem-estar dos usuários, com economia de água e energia, além de contribuir para o desenvolvimento socioambiental.


Selo Haute Qualité Environnementale (AQUA-HQE) - Fonte: Fundação Vanzolini


O selo WELL, criado pelo International Well Building Institute, enfatiza a saúde dos usuários como premissa, por isso, é um complemento às outras certificações ambientais. Dessa forma, o selo vai além da contribuição ambiental em si;, contempla e insere na sustentabilidade da edificação as pessoas que o habitam, melhorando a qualidade de vida e o desempenho do conjunto: pessoas, meio ambiente e edifício. Por se tratar de um selo de qualidade, o WELL exige que os edifícios sejam certificados a cada 3 anos.


Selo WELL Building - Fonte: Well certified


Os selos apresentam orientações para os empreendimentos e podem servir para questionar toda a cadeia de produção tradicional. Além disso, é uma excelente ferramenta de comprovação de que uma construção é realmente sustentável. Uma vez que os empreendimentos sustentáveis se tornam mais conhecidos, cria-se força para incentivar mudanças estruturais na construção civil.

As atividades da construção civil e o desenvolvimento humano estão vinculados. Com a extensão do debate sobre sustentabilidade no mundo, cada vez mais há a consciência da importância desse assunto. Setores da economia e da jurisprudência estão se organizando para atender à crescente imposição do mercado pela elaboração de projetos sustentáveis por meio de leis e selos ecológicos. Dessa forma, o setor da construção civil, responsável por grandes impactos socioambientais, também está se rearranjando para seguir essa tendência mundial.



Referências



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