Foto: Reprodução/Twitter Ricardo Salles
Na última quarta-feira (23), Ricardo Salles anunciou a sua saída do Ministério do Meio Ambiente. Ocupando o cargo desde 2019, a gestão de Salles foi marcada por diversas polêmicas devido à flexibilização das regras de proteção ambiental. Essa postura ficou bastante clara após a divulgação de sua fala na reunião ministerial de 22 de abril de 2020 no Palácio do Planalto. Nessa ocasião, o então ministro sugeriu que o governo aproveitasse que a atenção da imprensa estava voltada para a pandemia da Covid-19 para “passar a boiada”.
Durante esses dois anos de pasta, a Amazônia perdeu grande parte da sua área por desmatamento, incêndios, extração ilegal de madeira, entre outros. Os incêndios na Amazônia em 2019 e no Pantanal em 2020 ganharam atenção internacional devido a escala que atingiram destruindo grandes áreas dos biomas, mas mesmo assim as ações tomadas pelo governo foram ineficazes. A inércia dos institutos como o Ibama e o próprio Ministério do Meio Ambiente, que deveriam fiscalizar esses crimes é um dos pontos de maiores críticas à gestão do “Ministro da boiada”.
Ricardo Salles sai do governo semanas após ser considerado alvo em uma investigação sobre contrabando ilegal de madeira. A suspeita é que o ministro e outros funcionários do Ministério beneficiavam madeireiras em troca de vantagens financeiras.
Apesar da saída de Salles, ativistas e ONGs ligadas à defesa do meio ambiente não esperam uma mudança no posicionamento do governo, já que o ex-ministro seguia as diretrizes do plano do Governo Federal, com o apoio do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Câmara, Arthur Lira. O novo ministro, Álvaro Leite, é aliado de Salles e foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das mais antigas entidades ruralistas do país. Essa nomeação reforma a declaração feita pela ONG Observatório do Clima: “Salles é o sintoma, não a doença”.
Enquanto o Governo Federal continuar seguindo o mesmo plano que favorece a exploração da terra e o lucro a qualquer custo, não haverá diferenças significativas na política ambiental.
Referências
El País. Naiara Galarraga Gortázar. Gil Alessi. Investigado, Ricardo Salles deixa comando do Meio Ambiente em meio a desmatamento recorde. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-06-23/investigado-ricardo-salles-deixa-comando-do-meio-ambiente-em-meio-a-desmatamento-recorde.html Acesso em 30/06/2021
El País. Regiane Oliveira. Brasil perde 24 árvores por segundo em 2020 enquanto alertas de desmatamento explodem. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-06-11/brasil-perde-24-arvores-por-segundo-em-2020-enquanto-alertas-de-desmatamento-explodem.html Acesso em 30/06/2021
G1. Filipe Matoso. Pedro Henrique Gomes. Cai o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2021/06/23/bolsonaro-exonera-salles-do-cargo-de-ministro-do-meio-ambiente.ghtml Acesso em 30/06/2021
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